
Situado no Sertão do Pajeú, bem próxima à divisa dos Estados de Pernambuco e Paraíba, o município de Itapetim um dia acreditou na riqueza da extração de ouro. Foi nos anos 40, quando uma mina localizada no pacato distrito de Piedade trouxe a esperança (posteriormente não confirmada) de que o nobre metal seria a grande alternativa econômica para aquela região castigada pelas secas.
A princípio, todos os moradores da cidade ficaram eufóricos - até porque a mina foi tida como a terceira maior do Brasil. Mas, à medida que as escavações prosseguiam, o sonho da riqueza foi-se desmanchando. Sim, era verdade que ali havia ouro. Porém, um problema se apresentava: a extração era economicamente inviável. A euforia, então, cedeu lugar a um certo desânimo até que, em 1985, a mina foi desativada.
Da dourada riqueza que chegaria do dia para a noite, ficaram apenas algumas histórias que hoje fazem parte da memória local. Mas, Itapetim não vive somente do passado, ou melhor, não vive só desse passado que foi um sonho. A cidade tem uma rica tradição cultural na qual têm destaque vários poetas populares que se tornaram grandes nomes das poesias oral e escrita do Nordeste brasileiro.
Para não citar vários nomes, basta lembrar dois desses poetas que Itapetim exportou para o Nordeste, ambos já falecidos: Rogaciano Leite e Antônio Pereira. O primeiro deixou versos publicados e um dos seus poemas (“Os Trabalhadores”) ficou registrado na Praça de Moscou, da então União Soviética. O segundo mal assinava o nome, nunca deixou o sítio onde nasceu, mas os seus versos ganharam o mundo.
Antônio Pereira de Moraes – O Poeta da Saudade
Conhecido como o poeta da saudade, Antônio Pereira nasceu a 13 de novembro de 1891, no sítio Jatobá, hoje município de Itapetim, onde viveu até a morte, a 07 de novembro de 1982. Violeiro e poeta popular, ele mal assinava o nome e nunca fez da arte a sua profissão, tendo sobrevivido como modesto agricultor.
Antônio Pereira participava de jornadas de improviso apenas com os amigos e os seus versos sobreviveram ao tempo porque eram repassados verbalmente pelos seus admiradores que os decoravam. Em 1980, com a ajuda de amigos, publicou seu único folheto, "Minhas Saudades", uma coletânea de sua poesia.
Alguns versos do poeta:
Saudade é um parafusoQue na rosca quando cai,Só entra se for torcendo,Porque batendo num vaiE enferrujando dentroNem distorcendo num sai.
Saudade tem cinco fiosPuxados à eletricidade,Um na alma, outro no peito,Um amor, outro amizade,O derradeiro, a lembrançaDos dias da mocidade.
Saudade é como a resina,No amor de quem padece,O pau que resina muitoQuando não morre adoece.É como quem tem saudadeNão morre, mas adoece.
Adão me deu dez saudadesEu lhe disse: muito bem!Dê nove, fique com umaQue todas não lhe convêm.Mas eu caí na besteira,Não reparti com ninguém.
Rogaciano Leite – o poeta filósofo
Rogaciano Bezerra Leite nasceu no sítio Cacimba Nova, hoje município de Itapetim, a 30 de junho de 1920, filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite. Iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.
Em seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifense Manoel Bandeira. Aos 23 anos de idade, mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza(CE), onde tornou-se bancário.
Entre 1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcanti, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner. Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa. Na Russia deixou gravado em monumento na Praça de Moscou o poema "Os Trabalhadores”.
Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite: "Acorda Castro Alves", "Dois de Dezembro", "Poemas escolhidos", "Carne e Alma", "Os Trabalhadores", e "Eulália". Rogaciano faleceu, de enfarte do miocárdio, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, a 07 de outubro de 1969. O corpo do poeta está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza, Ceará.
Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras. Livro publicado: Carne e Alma, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1950, prefácio de Luís da Câmara Cascudo.
Para não citar vários nomes, basta lembrar dois desses poetas que Itapetim exportou para o Nordeste, ambos já falecidos: Rogaciano Leite e Antônio Pereira. O primeiro deixou versos publicados e um dos seus poemas (“Os Trabalhadores”) ficou registrado na Praça de Moscou, da então União Soviética. O segundo mal assinava o nome, nunca deixou o sítio onde nasceu, mas os seus versos ganharam o mundo.
Antônio Pereira de Moraes – O Poeta da Saudade
Conhecido como o poeta da saudade, Antônio Pereira nasceu a 13 de novembro de 1891, no sítio Jatobá, hoje município de Itapetim, onde viveu até a morte, a 07 de novembro de 1982. Violeiro e poeta popular, ele mal assinava o nome e nunca fez da arte a sua profissão, tendo sobrevivido como modesto agricultor.
Antônio Pereira participava de jornadas de improviso apenas com os amigos e os seus versos sobreviveram ao tempo porque eram repassados verbalmente pelos seus admiradores que os decoravam. Em 1980, com a ajuda de amigos, publicou seu único folheto, "Minhas Saudades", uma coletânea de sua poesia.
Alguns versos do poeta:
Saudade é um parafusoQue na rosca quando cai,Só entra se for torcendo,Porque batendo num vaiE enferrujando dentroNem distorcendo num sai.
Saudade tem cinco fiosPuxados à eletricidade,Um na alma, outro no peito,Um amor, outro amizade,O derradeiro, a lembrançaDos dias da mocidade.
Saudade é como a resina,No amor de quem padece,O pau que resina muitoQuando não morre adoece.É como quem tem saudadeNão morre, mas adoece.
Adão me deu dez saudadesEu lhe disse: muito bem!Dê nove, fique com umaQue todas não lhe convêm.Mas eu caí na besteira,Não reparti com ninguém.
Rogaciano Leite – o poeta filósofo
Rogaciano Bezerra Leite nasceu no sítio Cacimba Nova, hoje município de Itapetim, a 30 de junho de 1920, filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite. Iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.
Em seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifense Manoel Bandeira. Aos 23 anos de idade, mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza(CE), onde tornou-se bancário.
Entre 1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcanti, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner. Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa. Na Russia deixou gravado em monumento na Praça de Moscou o poema "Os Trabalhadores”.
Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite: "Acorda Castro Alves", "Dois de Dezembro", "Poemas escolhidos", "Carne e Alma", "Os Trabalhadores", e "Eulália". Rogaciano faleceu, de enfarte do miocárdio, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, a 07 de outubro de 1969. O corpo do poeta está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza, Ceará.
Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras. Livro publicado: Carne e Alma, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1950, prefácio de Luís da Câmara Cascudo.
Fonte: Site Pernambuco de A a Z
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